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Você Não É Uma Máquina: O Que o Burnout Está Tentando Te Dizer

  • Foto do escritor: R. Scharf
    R. Scharf
  • 4 de ago.
  • 4 min de leitura

Nos últimos anos, dois termos passaram a ecoar com força em conversas, consultórios e até mesmo nos bastidores das empresas: burnout e ansiedade. Eles não são apenas modismos da saúde mental, são reflexos de um estilo de vida que nos empurra para o limite e nos cobra continuar mesmo quando tudo dentro de nós já pediu para parar.


Eu sei disso. Porque isso aconteceu comigo.


🔥 O que é, afinal, esse tal de burnout?


Burnout, também conhecido como síndrome do esgotamento profissional, é quando o estresse crônico deixa de ser um incômodo passageiro e se torna um estado de exaustão física, emocional e mental profunda. De repente, até tarefas simples parecem montanhas. A energia some. O entusiasmo vira apatia. O corpo e a mente começam a falhar, porque não foram feitos para funcionar em ritmo de máquina.


Alguns sinais comuns são:

  • Cansaço que não passa, nem com descanso

  • Irritabilidade, insônia, dores de cabeça, tensão no corpo

  • Dificuldade de concentração e lapsos de memória

  • Perda de interesse pelo trabalho, desânimo e sensação de estar "travado"

  • Um sentimento persistente de inadequação, de não dar conta — mesmo dando tudo de si


Em 2022, a OMS reconheceu o burnout como fenômeno ocupacional, reforçando o que muitos já sabiam na prática: isso é sério e precisa ser tratado com atenção, e não com frases prontas do tipo "é só uma fase" ou "todo mundo está cansado".


😵‍💫 E a ansiedade no trabalho?


A ansiedade profissional pode ter muitas faces. Às vezes, é aquela pressão interna de que você nunca faz o suficiente. Outras, é o medo constante de falhar, perder o emprego ou decepcionar. É a mente acelerada, o coração inquieto, o sono que não vem.

Se você sente que está sempre correndo atrás de algo que nunca alcança, ou que seu valor está completamente atrelado ao quanto você produz, talvez já esteja em estado de alerta constante.

E quando burnout e ansiedade se encontram, o risco é ainda maior: um ciclo vicioso de cobrança, medo e esgotamento.


🌪️ Meu corpo escolheu parar por mim


Eu poderia estar apenas explicando esses termos com base em leitura e pesquisa.


Mas essa história é também a minha.


Durante muito tempo, eu vivia no piloto automático. Segunda a sexta, das 8h às 18h, atendendo demandas sob pressão, lidando com condições de trabalho precárias, tentando resolver tudo para todos (enquanto minhas próprias necessidades eram silenciadas). Tinha contas para pagar, funções demais, e ainda enfrentava o desgaste de relacionamentos que não me valorizavam. Eu estava exausta, emocionalmente drenada, mas seguia... porque achava que não podia parar.

Até que um dia, eu não via mais sentido em nada. Trabalhar já não fazia sentido. Viver, tampouco. Meu propósito parecia ter evaporado. Entrei em uma crise existencial profunda. Questionei minha vida inteira. E, como se isso não bastasse, veio o susto físico: precisei retirar dois tumores no couro cabeludo, em um intervalo de apenas dois meses.

Foram quatro meses entre biópsias, exames e cirurgias. Quatro meses de medo, vulnerabilidade, dor e silêncio. Meu corpo não estava apenas cansado, ele estava doente. E ali, com tudo parado, entendi o que talvez seja a maior lição de todas: se eu não parasse por escolha, meu corpo pararia por mim.

E ele parou.


🌱 O recomeço: escolher-se de novo

A partir daquele ponto, precisei aprender a me priorizar de verdade — e não só nos discursos.

Comecei aos poucos. Reduzi minha carga horária. Reservei dois períodos de folga por semana só para mim. Voltei a me movimentar fisicamente, algo que não fazia há meses por causa das cirurgias. Reestabeleci o contato com amigas que o tempo havia me afastado. Retomei a terapia com meu psicólogo. Recomecei a meditar. Me reconectei espiritualmente.

Foi, e ainda é, um processo. Um reaprender. Um passo por vez. Mas a cada pequeno avanço, fui me sentindo mais viva. Mais minha.


💡 O que pode ser feito? Existe saída, sim.

Nem sempre conseguimos mudar tudo de uma vez. Mas algumas decisões são possíveis e fazem diferença:


Para quem está no olho do furacão:

  • Estabeleça limites — no tempo, no corpo e na mente

  • Pratique atividades que te tragam de volta para o agora: caminhar, meditar, respirar

  • Peça ajuda. Fale com alguém. Não carregue isso sozinho(a)

  • Lembre-se: sua saúde vale mais do que qualquer entrega no prazo


Para empresas e lideranças:

  • Crie ambientes onde o cuidado seja cultura, não apenas benefício

  • Respeite pausas, folgas e o tempo humano

  • Escute seus colaboradores — de verdade

  • Não espere um colapso para agir


🕊️ Tudo passa. Inclusive isso.

Se você está lendo isso e sentindo que está no limite, por favor: não ache que você é fraco(a), incapaz ou dramático(a). Você está esgotado. E isso tem nome, tem causa e tem tratamento.

O que você sente não é permanente. Pode parecer difícil acreditar agora, mas há caminhos, há ajuda, há esperança. Eu sou prova disso.

Aos poucos, com cuidado, com presença e com amor próprio, a gente se reconstrói.

Você merece uma vida que não te adoeça.

E ela pode, sim, começar com um passo pequeno — como parar por alguns minutos e se permitir sentir. O resto, vem com o tempo.


Fique bem!



Sua mente e seu corpo precisam de descanso
Sua mente e seu corpo precisam de descanso

 
 
 

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Sobre

Entre Sabores e Sentidos

livro e café

Sou médica de formação, inquieta, criativa e curiosa desde que nasci. Como aquariana raiz, adoro coisas novas, e liberdade é o meu nome. Sou cozinheira de fim de semana, aventureira de coração e viajante que adora passar por perrengues (quem nunca?). Criei o Entre Sabores e Sentidos para provar que cuidar da mente e do corpo pode ser tão prazeroso quanto experimentar um prato novo ou carimbar um passaporte. Em um mundo totalmente "conectado", a desconexão é a regra; tentar tornar esse mundo um pouco melhor e compartilhar informações relevantes foi o objetivo de criar este espaço.

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